A ileíte, também chamada enteropatia proliferativa suína, é uma doença infecciosa de incidência mundial. Esta doença afeta o sistema digestivo dos suínos.
A ileíte suína é causada por uma bactéria intracelular chamada Lawsonia intracellularis. Esta patologia é caracterizada por lesões no íleo, mas também pode afetar outras regiões do jejuno e do intestino grosso.
O manejo adequado é importante para controlar a doença. A ileíte suína causa perdas econômicas associadas à enteropatia proliferativa, uma vez que vários índices de produção são frequentemente afetados.
Neste artigo vamos analisar mais de perto os sintomas, tratamento e prevenção da ileíte suína para ajudar a controlar a doença.
Qual é o aspecto da ileíte suína?
A ileíte suína é geralmente caracterizada por um espessamento da mucosa intestinal devido à infecção e subsequente replicação do agente nas células epiteliais intestinais. A enteropatia proliferativa pode variar de subclínica a clínica com apresentação aguda ou crônica.
Em animais com ileíte subclínica é observado:
- Taxas de crescimento em atraso
- Redução na eficiência da conversão alimentar.
Nos animais com apresentação clínica, os sinais mais comuns são:
- Diarreia
- Perda de peso.
Esta patologia se manifesta de três formas:
A enteropatia proliferativa hemorrágica representa a forma aguda e está associada à diarreia sanguinolenta e alta mortalidade. Caracteriza-se por marcada proliferação de mucosas, presença de coágulos na luz intestinal e hemorragia. Sua apresentação é mais comum em fêmeas jovens e reprodutores.
A adenomatose intestinal suína é uma forma crônica não complicada da doença caracterizada por um espessamento da mucosa que pode adquirir uma forma corrugada e uma aparência “cerebroide”. Os sintomas consistem em diarreia crônica leve a moderada.
A enterite necrótica consiste em uma apresentação crônica complicada. Pode ser observado exsudato na forma de placas fibrinonecróticas correspondentes a células mortas. Nesta apresentação, os animais apresentam diarreia grave e mostram uma grande perda da condição corporal.
Diagnóstico da enteropatia proliferativa
O diagnóstico da ileíte suína tem sido baseado no exame clínico, macroscópico e histopatológico das lesões, características da L. intracellularis, embora técnicas para identificação do agente estejam agora disponíveis. Também está disponível um protocolo para a avaliação das lesões intestinais para estimar as perdas econômicas relacionadas à ileíte e assim planejar medidas estratégicas de controle. Esta é uma ferramenta barata e fácil de aplicar, que consiste em um método de monitoramento no abatedouro (ENTERIPIG) pela palpação do intestino e observação da mucosa intestinal, atribuindo diferentes níveis de lesão (pontuação).
Para o diagnóstico da ileíte suína, técnicas como PCR ou imunohistoquímica são utilizadas para identificar o agente etiológico. Métodos sorológicos que avaliam a presença de imunoglobulinas específicas (IgGs) contra L. intracellularis também estão disponíveis e ajudam a entender a dinâmica da doença na fazenda e a resposta à vacinação. Recentemente, foi descrito o método FCAT (Flow Cytometry Antibody Test), que é altamente sensível, específico, rápido e fácil de aplicar em laboratórios de diagnóstico especializados, que consiste na medição de IgGs anti-L. intracellularis por citometria de fluxo.
Tratamento
Os antibióticos são usados para o tratamento de animais doentes e também como ferramentas para controlar e reduzir as doenças na fazenda. O momento estratégico de seu uso dependerá da dinâmica de apresentação da ileíte proliferativa em cada local.
Como se pode prevenir a enteropatia proliferativa suína?
A vacinação dos animais é uma questão chave e primária para reduzir os efeitos nocivos da ileíte suína nas fazendas. O uso de vacinas fáceis de usar que produzem imunidade duradoura provou ser eficaz na redução da mortalidade, reduzindo a taxa de excreção fecal de L. intracellularis e aumentando o ganho de peso diário, sendo agora considerada a primeira alternativa para o controle da doença.
São recomendados protocolos rigorosos de limpeza e desinfecção para a prevenção de ileíte suína e outras doenças infecciosas contagiosas em suínos. Estes protocolos são fundamentais para interromper o ciclo de transmissão fecal-oral de animais ou ambientes infectados a porcos não infectados.
É importante notar que a maioria das criações de suínos contém um nível sustentado de L. intracellularis e que a doença é endêmica. As medidas de prevenção são, portanto, essenciais, incluindo o monitoramento e a vacinação.
Finalmente, o diagnóstico correto para a implementação de um tratamento e ferramentas de prevenção adequadas, como a vacinação, são fundamentais para combater a ileíte suína, cujo objetivo final é melhorar a saúde dos suínos e, portanto, aumentar as taxas de produção de cada estabelecimento.
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