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Vacina contra leucemia felina: mitos e verdades

21 fevereiro 2022

Através da vacina para leucemia felina é possível prevenir a doença infecciosa FeLV

A leucemia felina é uma das doenças mais graves que podem atingir a saúde do gato. De origem infecciosa, a patologia é causada pelo vírus da leucemia felina (FeLV, pela sigla em inglês), que predispõe o animal ao desenvolvimento de tumores, doenças degenerativas e imunossupressão. Na prática, a FeLV é capaz de enfraquecer o sistema imunológico do animal e favorecer o surgimento de outras condições fatais.

Os tutores costumam ter muitas dúvidas em relação à leucemia felina. O diagnóstico dessa doença sem cura assusta, e o veterinário deve ser capaz de instruir o tutor com as informações corretas para que o gato possa manter uma qualidade de vida. Mais do que isso, a postura preventiva através de vacinação é a recomendação absoluta e deve ser evidenciada desde a primeira consulta. Para ajudar com essa comunicação, conversamos com o médico veterinário Waldemar Tavares sobre os principais pontos que são levantados no consultório em relação à doença. Siga a leitura para conferir mitos e verdades sobre a FeLV e a vacina para leucemia felina que circulam entre os tutores.

Vacina para leucemia felina é obrigatória para os gatos: Verdade

Um dos maiores erros dos tutores é acreditar que a vacina para leucemia felina é necessária apenas para animais que possuem acesso às ruas. A vacina contra FeLV ser considerada essencial ou não essencial está em constante debate na literatura médica. Para a World Small Animal Veterinary Association (WSAVA), a vacina contra FeLV é considerada não essencial porque a frequência da doença varia nas regiões do mundo – em locais de maior prevalência, como a América Latina, os veterinários devem dar maior atenção à vacina contra FeLV. Já a American Animal Hospital Association (AAHA) e a American Association of Feline Practitioners (AAFP) têm outra posição, e afirmam nas diretrizes sobre vacinação felina atualizadas em 2020 que a vacina para leucemia felina é classificada como um dos imunizantes essenciais para gatos com até 12 meses de idade.

A vacinação dos gatos que se encontram em risco (gatos menores de um ano), gatos que estão em contato com outros gatos com acesso à rua, lares com muitos gatos) reduziu a prevalência da doença a níveis abaixo de 3%.

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Apenas os gatos que frequentam as ruas correm risco de contrair a leucemia felina: Mito

Ao contrário do que muitos tutores podem pensar, os gatos com criação indoor também podem ser acometidos pela leucemia felina. “Isso porque a transmissão do vírus ocorre pelo contato de saliva, por meio materno durante a gestação ou durante os cuidados na amamentação da ninhada”, explica o profissional. Por isso, é preciso encorajar o diagnóstico e vacinação de todos os gatos com menos de 12 meses e de todos os gatos recentemente adotados, inclusive antes de integrá-los ao domicílio, caso existam outros gatos.

Gato diagnosticado com FeLV não pode conviver com outros gatos: Depende

Essa é, certamente, uma das questões que mais preocupam os tutores quando se trata de leucemia felina. Por ser uma doença extremamente contagiosa, é comum que muitos tutores que têm mais de um gato não saibam como manter a convivência entre o animal infectado e outro sem o vírus da FeLV.

Nesse caso, a recomendação essencial é manter os gatos que testaram positivo separados dos saudáveis, mas caso isso não seja possível, o veterinário deve ser capaz de explicar ao tutor que gatos negativos vacinados podem eventualmente se tornar positivos devido à alta pressão de infecção em ambientes em que animais negativos vacinados convivem com animais positivos. A vacina contra FeLV é segura e tem um altíssimo poder de imunização, com cerca de 90% de eficácia. Assim, apesar de baixas, as chances de infecção ainda existem.

Por isso, ao permitir o convívio entre um gato positivo para FeLV e animais sem o vírus, é preciso que o tutor entenda que o risco para a transmissão existe mesmo com a imunização. “Nesses casos, o recomendado é que os animais negativos sejam testados todos os anos antes da aplicação de reforço da vacina para leucemia felina”, aconselha Waldermar.

Tratamento da leucemia felina pode ser feito através da vacinação: Mito

É importante deixar claro para o tutor que a imunização não é um tratamento para gatos que já possuem a doença. Ela atua apenas como uma forma de prevenção para que um felino saudável não adquira o vírus. Além disso, antes de aplicar a vacina para leucemia felina, o tutor deve submeter o animal a um teste de detecção de antígenos. “O teste rápido de detecção da FeLV é bastante confiável, principalmente em animais com a doença ativa”, ressalta o veterinário.

Dessa forma, é possível evitar que um gato positivo para FeLV seja vacinado. No entanto, existem outros estados da doença em que será preciso repetir o teste de 6 a 12 semanas depois, ou mesmo realizar uma prova de PCR para confirmar ou descartar o diagnóstico inicial.

A vacina para leucemia felina é o único cuidado necessário para prevenir a doença: Mito

Embora a vacina para leucemia felina seja a principal forma de prevenção da doença, ela não é a única medida necessária. Nesse caso, uma boa sugestão a ser passada para o tutor é investir em uma criação indoor para garantir a saúde do gato. Para isso, é preciso explicar aos tutores os benefícios de telar as janelas da casa e evitar o contato do animal com o meio externo.

Outro cuidado que pode ser recomendado para prevenção da leucemia felina é a esterilização. Além de promover a saúde e o controle populacional dos animais, o procedimento torna o animal mais caseiro – o que diminui o contato com outros gatos, e as brigas entre eles, fontes importantes de infecção pelo vírus da leucemia felina.

* Waldemar Tavares (CRMV-RJ: 13772) é graduado em Medicina Veterinária pela Universidade Castelo Branco e mestre em Diagnóstico Avançado Clínico e Laboratorial em Medicina Veterinária com ênfase em Doenças Infecciosas dos Pacientes Felinos pela Universidade Severino Sombra

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