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Erliquiose: Infecção transmitida por um carrapato

A erliquiose é uma doença infecciosa causada por uma bactéria pertencente à família Anaplasmataceae e é transmitida por carrapatos. É importante se informar sobre esta doença e sobre os seus vetores transmissores que podem afetar os cães.

Para saber mais sobre as características gerais da erliquiose, seus sintomas, diagnóstico, tratamento e prevenção, continue lendo.

Características gerais

A erliquiose compreende um grupo de doenças infecciosas causadas por organismos riquetsiais do gênero Ehrlichia, entre eles estão: Ehrlichia canis, Ehrlichia ewingii e Ehrlichia chaffeensis. São agentes intracelulares obrigatórios que infectam os leucócitos do hospedeiro. 

A doença é transmitida pela picada de diversas espécies de carrapatos, podendo afetar tanto cães quanto humanos. 

Embora existam várias espécies de Ehrlichia, na população canina o principal agente envolvido é a Ehrlichia canis (E. canis), responsável por provocar a erliquiose monocítica canina. A erliquiose canina possui distribuição mundial de afecção multissistêmica e pode ser potencialmente letal se não tratada a tempo. 

Essa doença é transmitida pela picada do carrapato Rhipicephalus sanguineus, também conhecido como carrapato marrom do cão

Sintomas:

O nível de gravidade da sintomatologia e da manifestação clínica é variável entre pacientes e dependerá de vários fatores, entre eles, o grau de imunidade do hospedeiro, o agente inoculado recebido e a coinfecção com outros agentes.

Os sinais e sintomas apresentados são bastante inespecíficos e podem incluir: 

● Hipertermia acentuada.

● Letargia.

● Anorexia. 

● Mucosas pálidas. 

● Alterações na coagulação: petéquias, equimoses, epistaxe.

● Linfadenomegalia generalizada. 

● Esplenomegalia.

● Anomalias oculares (uveíte anterior ou posterior, hemorragias intraoculares e hifema). 

● Sinais neurológicos.

Diagnóstico: 

A abordagem diagnóstica é feita com base no histórico clínico do paciente (é fundamental verificar se ele foi exposto a carrapatos anteriormente), sintomas presentes e análises laboratoriais. 

Os achados mais frequentes no hemograma e na bioquímica sanguínea são: 

  • Trombocitopenia.
  • Anemia.
  • Leucocitose ou leucopenia. 
  • Pancitopenia em estágios crônicos da doença. 
  • Hipoalbuminemia. 
  • Elevação das enzimas hepáticas: ALT e FA.

Obter um diagnóstico definitivo e confirmar a doença nem sempre é fácil, existem testes sorológicos rápidos que determinam a presença de anticorpos contra Ehrlichia, no entanto, deve-se levar em consideração que os anticorpos podem ser detectados entre 7 a 28 dias após a infecção inicial, portanto, cães na fase aguda podem dar falsos negativos. 

É importante considerar que os anticorpos podem persistir de 6 meses a 4 anos, portanto resultados positivos podem refletir uma infecção anterior e não uma infecção atual. 

A PCR positiva é confirmatória, mas sua ausência não exclui a doença, pois falsos negativos podem ocorrer.

A observação direta do agente em um esfregaço sanguíneo de buffy coat é desafiadora, pois estima-se que sua descoberta seja factível em apenas 4 % dos pacientes na fase aguda dados os intervalos de bacteremia

Tratamento: 

O tratamento específico consiste na administração de antibióticos e terapias de suporte médico conforme necessário. 

Estudos recentes baseados em evidências clínicas e experimentais recomendam o uso de doxiciclina na dose de 10 mg/kg a cada 24 horas por via oral por pelo menos 3-4 semanas como primeira opção. Como alternativa nos casos em que a doxiciclina é contraindicada ou não tolerável, pode-se usar rifampicina na dose de 10 mg/kg a cada 24 horas e minociclina na dose de 10 mg/kg a cada 12 horas, ambas por via oral e durante 3 semanas. 

Embora o uso do dipropionato de imidocarb tenha sido inicialmente considerado eficaz na obtenção da remissão clínica da doença, estudos recentes demonstraram que ele é ineficaz na eliminação da infecção por Ehrlichia canis, mas útil no combate à coinfecção contra outros hemoparasitos.

Prevenção: 

A forma mais eficaz de combater a erliquiose é eliminando o carrapato. Para isso, é essencial estabelecer nos pacientes um plano de saúde correto com princípios ativos que proporcionem ação imediata e duração prolongada contra os carrapatos. 

Atuando diretamente no vetor garantimos a prevenção da transmissão da erliquiose não só em cães, mas também em humanos. 

Outras medidas preventivas que podem ser implementadas são:

  • Evitar áreas infestadas de carrapatos.
  • Realizar inspeções de rotina no pet, principalmente após a realização de atividades ao ar livre.
  • Remoção precoce de carrapatos que já estão presos ao cão.
  • Usar estratégias de controle ambiental em casa e em áreas onde os animais frequentam.

A erliquiose representa um verdadeiro desafio para o veterinário clínico devido à sua distribuição mundial, alta mortalidade e dificuldade diagnóstica. É fundamental aconselhar os donos sobre o manejo preventivo da doença e estabelecer um plano antiparasitário de longo prazo em todos os cães expostos. Saiba mais sobre outras doenças comuns em cães aqui.

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