Vacinação em gado: animais já doentes podem receber a imunização?
23 setembro 2022
O protocolo de vacinação do gado vai muito além do momento da injeção. Para obter sucesso na imunidade da fazenda, deve-se ter cuidados antes, durante e depois da aplicação da vacina. Entre as dúvidas mais frequentes sobre o processo de imunização do gado está: afinal, animais doentes podem tomar vacina? A médica-veterinária e mestre em Ciência Animal Natalia Minami responde essa questão. Continue lendo para saber mais!
Vacina para gado: animal deve estar saudável para desenvolver resposta imune
Quando doente, o animal fica imunossuprimido, e a imunossupressão pode alterar a resposta do organismo à vacina, não garantindo a resposta imunológica esperada. “Isto vale tanto para as doenças correspondentes à vacina, como qualquer outra doença que cause uma alteração na saúde do animal. A aplicação da vacina em um animal doente pode agravar ainda mais o estado geral em que ele se encontra”, complementa Natalia.
Portanto, antes de vacinar o gado, é preciso fazer uma avaliação veterinária do estado de saúde de cada animal. “Alguns animais apresentam alterações que podem ser vistas antes da vacinação como apatia, isolamento dos demais, temperatura muito elevada indicando possível febre, desidratação, pelos arrepiados, alteração nervosa ou locomotora. Por isso a presença de um médico-veterinário é fundamental para avaliar se os animais estão aptos ou não para a vacinação. Na dúvida sobre o estado de saúde do animal, opte por não vaciná-lo naquele momento”, explica a mestre em Ciência Animal.
Sucesso da vacinação do gado também pode ser comprometido por outros fatores
Agentes externos que podem prejudicar a imunização são chamados de fatores não genéticos. Além da saúde debilitada por alguma doença, existem outras questões que devem ser analisadas antes de prosseguir com a vacinação do gado, como:
- Estado nutricional: os anticorpos são proteínas, portanto, animais com deficiências nutricionais podem não desenvolver a resposta imune esperada pela vacina. “Animais com quadros intensos de verminoses, em tratamento com antibióticos, carência de cobre, selênio, zinco e vitamina B12 não devem ser vacinados e apresentam baixa resposta vacinal”, detalha a entrevistada;
- Idade: assim como ocorre com os humanos, a resposta vacinal nos bovinos é diferente em animais jovens e idosos. Para a primeira aplicação nos bezerros, deve-se seguir as orientações do fabricante para cada vacina diferente. E vacas idosas requerem outro tipo de atenção: “Já em vacas acima de 10 anos, há uma produção menor de anticorpos, e a resposta vacinal é baixa. Nestes casos, precisamos vacinar mais vezes as fêmeas mais velhas para ter o mais próximo do resultado esperado”, afirma Natalia;
- Estresse: o organismo reage a situações estressantes com a liberação de cortisol e altos índices desse hormônio resultam na baixa da imunidade. “O estresse é um fator de grande influência. Estudos comprovam que o estresse de desmame, transporte ou do próprio manejo diminui a resposta imunológica da vacina”, diz a médica-veterinária. Esse fator confirma a importância de garantir o bem-estar animal.
Essas diretrizes devem ser seguidas para qualquer vacina de gado, como a contra febre aftosa, botulismo bovino, rinotraqueíte infecciosa bovina, diarreia viral e mais.
* Natalia Sato Minami (CRMV-GO: 10112) é graduada em Medicina Veterinária pela Universidade Estadual Paulista e mestre em Ciência Animal pela Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da Universidade de São Paulo.