A hipocalcemia bovina, também conhecida como febre do leite em bovinos, é um distúrbio metabólico comum que afeta as vacas nos dias próximos e após o parto, principalmente nas primeiras 24 a 48 horas. Essa doença resulta na diminuição da função do sistema imunológico e das contrações do músculo liso.
As causas mais comuns dessa condição incluem desequilíbrios nutricionais e distúrbios metabólicos.
A febre do leite é caracterizada por uma deficiência aguda de cálcio no sangue devido a uma alta demanda repentina de cálcio. Isso pode levar a uma série de manifestações clínicas, inclusive à morte do animal.
Neste artigo, vamos nos concentrar nas melhores práticas para detectar, prevenir e tratar a hipocalcemia em vacas, fornecendo soluções eficazes para garantir a saúde e o desempenho ideais do gado leiteiro.
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Como detectar a hipocalcemia em vacas
Durante o final da gestação e o início da lactação, há um aumento significativo na demanda de cálcio. O diagnóstico da hipocalcemia em vacas é feito por meio de análise sorológica.
A doença pode se apresentar de forma sintomática ou assintomática.
- Na hipocalcemia clínica (sintomática), os valores de Ca são inferiores a 5,5 mg/d e, na hipocalcemia subclínica, entre 5,5 e 8,0 mg/dl.
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É importante monitorar os níveis de cálcio no sangue antes do parto.
Identificar as manifestações clínicas da hipocalcemia em vacas é fundamental para uma intervenção precoce e eficaz. Alguns dos sinais comuns incluem:
- Inquietação e fraqueza: As vacas afetadas podem parecer inquietas, com agitação e uma postura fraca ou trêmula que pode, eventualmente, terminar com o animal em decúbito dorsal.
- Diminuição do apetite: A hipocalcemia em vacas pode levar à redução da ingestão de alimentos e água pelos animais.
- Distúrbios nervosos: Em casos mais graves, as vacas podem apresentar distúrbios neurológicos, como convulsões, falta de coordenação e desorientação.
A febre do leite em bovinos é um distúrbio metabólico comum que afeta as vacas nos dias próximos e após o parto.
Prevenção da hipocalcemia em vacas
A prevenção desempenha um papel fundamental na redução da incidência de hipocalcemia em vacas leiteiras. As principais medidas preventivas incluem:
- Manejo nutricional adequado: Para evitar a hipocalcemia, as vacas no período seco devem receber uma dieta com baixo teor de cálcio, bem como o uso de sais aniônicos.
O uso de sais aniônicos é uma estratégia eficaz para reduzir a hipocalcemia. Esses sais são acidogênicos, o que significa que geram acidez digestiva e metabólica, criando condições ideais para a circulação do cálcio no organismo. Nesse sentido, as dietas ricas em cátions, especialmente sódio e potássio, aumentam a suscetibilidade das vacas à febre do leite.
Deve-se observar que o uso de sais aniônicos na alimentação pré-parto requer o manejo adequado dos outros minerais e nutrientes presentes na dieta, como magnésio, sódio e potássio. Sem monitoramento regular, seu uso não é recomendado.
- Suplementação de cálcio: Foi sugerido o uso de produtos orais de cálcio no momento do parto para o controle e a prevenção da hipocalcemia. Além disso, a suplementação oral de cálcio durante o período de transição pode ajudar a manter níveis adequados de cálcio no corpo da vaca.
Tratamento da hipocalcemia em vacas
O tratamento imediato da hipocalcemia é essencial para evitar complicações adicionais e garantir a recuperação das vacas afetadas. Algumas opções terapêuticas incluem:
- Terapia com cálcio intravenoso: A administração intravenosa de cálcio é o tratamento mais comum para a hipocalcemia aguda em vacas. Essa medida ajuda a aumentar rapidamente os níveis de cálcio no sangue e a restaurar o equilíbrio mineral, geralmente com uma resposta terapêutica eficaz em um curto espaço de tempo.
- Suplementação oral de cálcio: Em casos leves de hipocalcemia ou como terapia adjuvante, podem ser usados suplementos orais de cálcio de liberação lenta. Esses suplementos ajudam a manter níveis adequados de cálcio no corpo da vaca ao longo do tempo.
A detecção, a prevenção e o tratamento adequado são essenciais para minimizar o impacto desse distúrbio nos rebanhos leiteiros. Por meio de uma dieta balanceada, suplementação adequada, monitoramento regular e cuidados veterinários consistentes, podemos garantir a saúde e o desempenho ideais das vacas leiteiras.
Referências
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