Na aquicultura, a atenção ao bem-estar dos peixes aumentou significativamente nas últimas décadas. Essa atividade não é apenas uma fonte maciça de alimentos de alta qualidade para a dieta humana, mas também contribui para a repopulação de peixes para fins comerciais e de conservação.
A avaliação do bem-estar dos peixes é essencial, uma vez que eles devem ser mantidos sem dor e em condições semelhantes às de seus congêneres selvagens. Esses aspectos são importantes não apenas por motivos éticos e práticos, mas também para garantir o sucesso dos planos de repopulação.1
Definição de bem-estar animal
O bem-estar animal não se baseia apenas na saúde física, mas também na ausência de sofrimento psicológico.2
Do ponto de vista do bem-estar animal, os animais são considerados seres sencientes que podem ter sentimentos positivos e negativos. Além disso, acredita-se que as más condições de criação podem afetar negativamente o bem-estar emocional dos animais.
Embora a capacidade dos peixes de sentir e ter diferentes estados emocionais seja controversa, garantir a saúde física e tomar medidas preventivas para os peixes de viveiro também contribuirá para sua saúde mental. Essa abordagem representa uma definição mais pragmática e apropriada, embora nossa compreensão das emoções e da senciência em peixes continue limitada.3
A adoção de medidas preventivas envolve a identificação dos fatores e condições no ambiente da fazenda que têm impacto sobre o funcionamento biológico normal e o estado de saúde dos peixes. Isso é feito para identificar parâmetros de indicadores (geralmente chamados de indicadores operacionais de bem-estar: IOB) para monitorar se as condições de criação, transporte ou abate têm um impacto negativo sobre os peixes.
O bem-estar animal enfatiza a saúde física e psicológica dos animais e sua relação com as condições de seu ambiente.3 No caso dos peixes, garantir o bem-estar requer conhecimento da biologia da espécie que está sendo cultivada e os equipamentos e a tecnologia necessários para proporcionar um ambiente adequado.1
Aquicultura
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Tecnologias para o bem-estar animal
A aquicultura é um dos sistemas de produção que mais cresce em todo o mundo. Em 2018, a aquicultura forneceu mais de 50 % dos peixes produzidos no mundo para consumo humano. A produção mundial total de peixes foi estimada em 178,5 milhões de toneladas. Quando a produção de algas marinhas do cultivo é incluída, esse número sobe para 210,9 milhões de toneladas.
Devido ao crescimento da aquicultura, novas tecnologias foram introduzidas, não apenas para aumentar a produção animal, mas também para garantir o bem-estar dos peixes, o que assegura uma produção de peixes de melhor qualidade.4,5
Algumas dessas tecnologias estão descritas abaixo:5,6
Drones: Os drones aéreos e subaquáticos são usados para ajudar a inspecionar as condições gerais dos tanques, gaiolas, monitoramento e vigilância ambiental. Com o uso de drones, é possível monitorar a fazenda acima e abaixo da água, verificar se há furos nos tanques danificados ou nas redes das gaiolas de cultivo, coletar dados combinando inteligência artificial e computação em nuvem para aprimorar as operações de aquicultura.
Sensores remotos: Drones, robôs ou outros dispositivos usam sensores para coletar dados, como parâmetros da água em tempo real (oxigênio dissolvido, salinidade, pH e turbidez).
Os sensores biológicos podem detectar o metabolismo, a frequência cardíaca, o crescimento e o nível de apetite dos peixes nas gaiolas. Eles ajudam a reduzir o desperdício e a melhorar a nutrição.
Robôs: Eles assumem tarefas complicadas e trabalhos intensivos, como a limpeza de tanques e o conserto de redes danificadas; monitoram o comportamento dos peixes, removem peixes doentes, injetam vacinas e avaliam a saúde dos peixes.
Inteligência artificial: Toma decisões melhores e mais rápidas; melhora a eficiência dos alimentadores, monitora e controla a qualidade da água, colhe ou captura peixes e processa peixes nas instalações de produção (controle de qualidade e classificação, bem como limpeza, filetagem e embalagem).7
Realidade aumentada: Facilita o uso de drones e robôs subaquáticos. Monitora o comportamento dos peixes e mede os parâmetros da água; monitora os furos da rede e a mortalidade dos peixes.
Impressão 3D: Os peixes, camarões ou lagostas robóticos projetados por impressoras 3D imitam os movimentos das espécies cultivadas sem parecerem diferentes, enquanto a câmera e os sensores em seu corpo fornecem informações sobre o status do sistema de aquicultura, incluindo as espécies cultivadas, a qualidade da água e quaisquer problemas estruturais nas instalações de cultivo que exijam manutenção.
Referências
1. Toni M, Manciocco A, Angiulli E, et al. Review: Assessing fish welfare in research and aquaculture, with a focus on European directives. Animal 2019;13:161–170. Available at: http://dx.doi.org/10.1017/S1751731118000940.
2. Ashley PJ. Fish welfare: Current issues in aquaculture. Appl Anim Behav Sci 2007;104:199–235.
3. Segner H, Reiser S, Ruane N, et al. Welfare of fishes in aquaculture. Budapest,FAO; 2019.
4. Guevara-Portilla YN, Terán-López RA, Achicanoy-Tulcán AN, et al. Implementación de nuevas tecnologías en la acuicultura. Rev Investig Pecu 2019;6:1–15.
5. Mustafa S, Estim A, Shapawi R, et al. Technological applications and adaptations in aquaculture for progress towards sustainable development and seafood security. IOP Conf Ser Earth Environ Sci 2021;718:012041.
6. Rowan NJ. The role of digital technologies in supporting and improving fishery and aquaculture across the supply chain – Quo Vadis? Aquac Fish 2023;8:365–374. Available at: https://doi.org/10.1016/j.aaf.2022.06.003.
7. Chrispin et al., 2020. Application of Artificial Intelligence in Fisheries and Aquaculture. Res Today 2020; 2(6): 499- 502
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