4 doenças que acometem alevinos de tilápia
11 março 2022
Os alevinos de tilápias têm uma importância econômica crucial para a piscicultura, pois ao atingirem o peso e tamanho ideais, são vendidos para outros sistemas de criação de peixes que irão prosseguir com as fases do cultivo de recria e engorda. Para que a alevinagem seja bem sucedida, é imprescindível prevenir a circulação de patógenos, pois a presença de doenças de peixe pode comprometer toda a cadeia de produção.
De acordo com o médico veterinário e mestre em Ciência Animal Rodrigo Zanolo, as principais doenças que acometem os alevinos de tilápias são causadas por ectoparasitos como as Trichodinas e os Monogenóides e por bactérias das espécies Flavobacterium columnare e Aeromonas sp. “Estas doenças são bastante incidentes na alevinagem de tilápia devido às altas densidades de peixes normalmente presentes nesta fase juntamente com a abundante quantidade de matéria orgânica nos ambientes de produção neste momento do cultivo”, explica.
1. Trichodina pode causar lesões nas brânquias de alevinos de tilápias
Segundo um artigo publicado na Revista Panorama da Aquicultura, os tricodinídeos são protozoários ciliados em forma de disco que parasitam a pele, as nadadeiras e as brânquias dos peixes. Assim como mencionou o médico veterinário, o artigo aponta o gênero Trichodina como o predominante em parasitar peixes, atingindo diversas espécies.
Ainda com base na publicação, os tricodinídeos utilizam não só bactérias e algas para se alimentarem, mas também podem extrair células epiteliais do hospedeiro com essa finalidade. Por isso, Zanolo menciona alguns sinais que podem indicar a contaminação por esses patógenos: “é comum que se observe dificuldade respiratória dos peixes buscando oxigênio na superfície da água devido às lesões dos parasitos junto às brânquias dos animais”.
2. Monogenóides são parasitas de peixes que ameaçam a fase de alevinagem de tilápia
A outra parasitose citada pelo especialista que pode acometer alevinos de tilápia é causada por monogenóides, helmintos que fixam-se na superfície do corpo dos peixes, nas brânquias, na cavidade nasal e no sistema urinário. O alojamento desses ectoparasitas nas brânquias pode ocasionar sinais clínicos como hiperplasia celular, secreção de muco excessiva e, em menor frequência, a fusão de filamentos das lamelas branquiais.
Como mostra uma matéria divulgada no Panorama da Aquicultura, a infestação de monogenóides é um dos fatores que reduz a resistência dos alevinos, sendo comum a identificação desses parasitos por meio de raspagens do muco e das brânquias e análises microscópicas. Entre os fatores de risco para que os alevinos adquiram essa doença, a publicação aponta a progressiva redução na qualidade da água durante a alevinagem.
3. Columnariose é uma doença na piscicultura que afeta todas as espécies de peixes tropicais na alevinagem
A columnariose está entre as principais doenças bacterianas que podem comprometer a alevinagem de tilápias, mas o médico veterinário Rodrigo Zanolo ressalta que essa não é a única espécie que pode ser afetada pela infecção. “A bactéria Flavobacterium columnare acomete todas as produções de larvas e alevinos de peixes tropicais, nas suas mais diferentes espécies de peixes. Como a Tilápia é um peixe tropical, também é suscetível e acometida pela Columnariose”, argumenta.
Para o profissional, o impacto da Columnariose nas produções de alevinos de tilápias, em sua grande maioria, está associado a mortalidades que podem variar de 1% até 30% da produção dependendo da gravidade do quadro clínico. “Por serem peixes pequenos e de baixa resistência, as mortalidades são muito comuns nesta fase do cultivo. Porém, existem também as perdas indiretas onde a enfermidade não causa uma mortalidade direta, mas a presença da enfermidade nos animais acaba por impactar a saúde e o desenvolvimento dos alevinos”.
4. Aeromonas sp é um tipo de doença de peixe tilápia que pode causar anorexia e exoftalmia
Como mencionado pelo mestre em Ciência Animal, a infecção por Aeromonas sp é recorrente na alevinagem de peixes tilápia. Segundo um estudo publicado no Jornal Pesquisa Veterinária Brasileira, essa doença pode levar os peixes a quadros clínicos de anorexia, exoftalmia e acúmulo de líquido seroso no peritônio. Zanolo também acrescenta que peixes filhotes com infecções bacterianas podem apresentar “podridões das pontas das nadadeiras, assim como lesões de pele com caráter hemorrágico ou não”.
Por fim, Zanolo aconselha algumas medidas para prevenir essas doenças de peixe comuns na alevinagem de tilápias: “O manejo correto das densidades de peixes por tanques, boas práticas de manejo e manipulação dos alevinos, limpeza e desinfecção dos tanques e instalações e utilização de vacinas quando disponíveis”. Dessa forma, é possível garantir uma maior eficiência nessa etapa do ciclo e preservar o bem-estar de peixes na aquicultura, já que o desempenho zootécnico e o bem-estar estão diretamente relacionados.
* Rodrigo Zanolo é médico veterinário, mestre em Ciência Animal e Gerente de Mercado de Aquicultura na MSD Saúde Animal